O CORPO DA VIRGEM SANTÍSSIMA PASSÍVEL
O Corpo da Virgem Maria era formosíssimo.
Tinha a beleza que dá a integridade, e proporção de todos os seus membros; tinha a beleza da cor natural e a beleza que transparece da beleza da alma.
Tinha beleza dum corpo tão puro que nem sequer tinha as raízes do pecado, a concupiscência.
Para que esse fosse completamente belo, faltava-lhe contudo outra fonte de beleza, o sofrimento.
Os vestígios dum sofrimento heroico dão ao rosto uma beleza sobre-humana.
Mais belas que as cores artificiais, mais belas que os sorrisos alegres, são as lágrimas, quando saem de um coração inocente e amoroso; e quando rolam por um rosto cinzelado pelo sofrimento.
Por isso o que não consegue uma mulher ataviada e sorridente consegue-o uma mulher chorando.
Que brilho e que beleza dão ao rosto as lágrimas inocentes e amorosas!
Esta fonte de formosura não podia faltar no corpo da Santíssima Virgem.
O Corpo da Virgem Santíssima foi passível.
O Corpo da Virgem Santíssima sofreu como nós.
Deus concedeu a Virgem Santíssima todos os privilégios que exigia a sua dignidade de Mãe de Deus e livrou-a de tudo o que estava em oposição com essa dignidade.
A essa dignidade altíssima opunha-se o pecado; e livrou-a do pecado original, do pecado atual e fê-la impecável.
A essa dignidade opunha-se tudo o que fosse inclinação ao pecado e extinguiu nela a concupiscência; mas a dor não só não se opunha à dignidade de Maria, mas era conveniente para a missão que devia desempenhar no mundo.
O Filho de Deus vinha expiar os pecados dos homens com o sofrimento.
Vinha pagar com a sua dor o que os homens gozam quando pecam.
Por isso devia possuir um corpo apto ao sacrifício: “corpus autem aptasti mihi”, dizia o filho de Deus a seu Eterno Pai.
Era necessário uma vítima e deste-me um corpo necessário para o ser.
E quem havia de dar esse corpo passível ao Filho de Deus?
Havia de lhe dar sua Mãe. Logo, o corpo da Virgem Maria devia ser passível como o de seu Filho.
Mais ainda, Jesus Cristo associava a Virgem Santíssima a sua obra expiatória.
Jesus seria o Redentor. Maria a Corredentora.
Logo, com a dor devia colaborar sua Mãe na Redenção; e para isso devia ter um corpo passível.
A dor seria também para a Virgem Santíssima uma fonte de merecimentos.
Deus inundaria sua alma de graça santificante; mas aquela graça podia crescer, e nada melhor que a dor para melhorar o tesouro da graça.
Retratos de Nossa Senhora
CAPÍTULO: O CORPO DA
VIRGEM SANTÍSSIMA
PASSÍVEL
Autor: Juan Rey, SJ – 1957
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