Cardeal Raymond Burke. |
DUBLIN, 12 Jul. 12 / 04:25 pm.-
O Cardeal americano Raymond Burke, Presidente da Corte Suprema do Vaticano, a
chamada Assinatura Apostólica, explicou que os sacerdotes não devem mudar as
orações da Missa posto que eles não são os protagonistas da liturgia, mas sim o
próprio Cristo.
Em entrevista concedida ao
grupo ACI em Roma, o cardeal explicou que o sacerdote não deve modificar ou
acrescentar palavras às orações da Missa considerando que todo presbítero é
"um servidor do rito" e "não o protagonista”. O Protagonista,
nas palavras do Cardeal Burke “é o próprio Jesus Cristo".
"Então está totalmente
equivocado que um sacerdote pense ‘como posso tornar isto (a liturgia) mais
interesante?’ ou ‘como posso fazê-lo melhor’?"
O Cardeal norte-americano, um
dos colaboradores mais próximos ao Papa Bento XVI, recordou que o Código de
Direito Canônico assinala que o sacerdote deve "com precisão e devotamente
observar o que está escrito nos livros litúrgicos e assim tomar cuidado para
não acrescentar outras cerimônias ou orações de acordo ao seu próprio juízo".
O Cardeal explicou logo que o
Código de 1917, modificado pelo de 1983, estabelece que um sacerdote em pecado
mortal não deve celebrar Missa "sem antes aceder à confissão
sacramental" ou o mais breve possível "no caso de não contar com um
confessor", quando a Missa seja
"muito necessária" e tenha feito um ato de contrição perfeito.
"Parece-me que esse cânon
de 1917 foi eliminado, mas acredito que deve ser reintroduzido, porque a idéia
de dignidade está bem de maneira preeminente para um sacerdote que está
oferecendo o sacrifício", disse.
O Cardeal de 64 anos de idade
também disse ao grupo ACI que é preciso uma reforma da sagrada liturgia,
seguindo o estabelecido pelo Papa Bento XVI e "enraizada nos ensinos do
Concílio Ecumênico Vaticano II" assim como "adequadamente conectada
com a tradição".
Em sua opinião, isto significa
evitar diversas inovações como os "serviços de comunhão" liderados
por leigos ou religiosos quando existe uma paróquia sem sacerdote para presidir
a Eucaristia dominical.
"Não é bom para o povo
participar repetidamente nestes tipos de serviços aos domingos porque perdem o
sentido do Santíssimo Sacramento", precisou.
O excesso deste tipo de
serviços, acrescentou, pode ser também algo que desalente as ordenações
sacerdotais porque com estes serviços um jovem com vocação ao sacerdócio
"já não vê ante seus olhos a identidade da vocação à qual está
chamado".
Na entrevista com o grupo ACI,
o Presidente da Assinatura Apostólica se referiu também à " dúvida"
na aplicação de penas canônicas nas décadas recentes e aos "abusos e
violações da lei eclesiástica" que se dão no âmbito litúrgico.
Tais sanções, disse o Cardeal
Burke, são "primeiramente medicinais" e procuram "chamar a
atenção da pessoa sobre a gravidade do que está fazendo para que não o faça
mais".
"As sanções são
necessárias", acrescentou.
"Se em 20 séculos da vida
da Igreja foram necessárias sanções, por que em nosso século de repente devemos
pensar que elas não são necessárias? Isso também é absurdo", concluiu.
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