segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Maria na História da Salvação

Escrito por Hélio Maria, Inútil Escravo de Maria Santíssima.

         No primeiro livro da Sagrada Escritura, nota-se o desígnio de Deus para o gênero humano. No relato da criação vemos que o plano de Deus para o homem era que ele participasse da natureza divina do Senhor como ensina o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 374: “Adão e Eva, foram constituídos em um estado de santidade e de justiça original. Esta graça da santidade original era uma participação da vida divina”.

         Este é o projeto de Deus. Ele não criou a humanidade para a condenação eterna e nem criou mal. O homem agora se encontra num estado decaído, em uma natureza frágil, corrompida pela mancha do pecado original, por causa da queda de Adão e Eva, que seduzidos pela antiga serpente caem no pecado da desobediência e se tornam causa de perda tanto para si como para todo o gênero humano.

         Com a queda do homem, parece que o plano de Deus não é concretizado. As consequências da queda são muitas e o homem se encontra no estado de afastamento de Deus. Pela desobediência o homem perde a graça santificante e muitas outras coisas como afirma São Luís Maria Grignion de Montfort (ASE, p. 46)[1]:

Ó desgraça das desgraças!... Eis que o vaso todo divino fragmentou-se em mil pedaços; a esplendorosa estrela caiu por terra; o sol brilhante cobriu-se na lama! Eis aí o homem que peca e, pecando, perde a sua sabedoria, a sua inocência, a sua formosura e imortalidade. Perde, enfim, todos os bens que tinha recebido e vê-se agora assaltado por uma infinidade de males!

         O homem que antes era participante da natureza divina e que se entretinha com Deus no paraíso, agora, pela desobediência, sofre as consequências da queda. E Deus que é justo decreta a sentença do castigo, mas ao mesmo tempo fala da restauração do homem. É como se Deus olhasse para a sua obra prima fragmentada em mil pedaços, e dissesse: “A minha obra não pode terminar assim.” Temos aqui então o Proto-Evangelho: “Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15). Segundo KRIEGER (2002, p.35) “Esta passagem do proto-evangelho é a primeira Boa Nova”. Boa Nova porque é o primeiro anuncio da restauração. Já COYLE (2005 p. 112) afirma que “na mariologia católica romana, esta passagem tem sido entendida como prenúncio da colaboração de Maria no plano divino da salvação”.

         Nota-se então que Deus vai restaura todo o gênero humano através de Jesus Cristo que ao morrer na cruz vencerá Satanás de uma vez por todas e dará ao homem a regeneração e fará de nós participantes da sua natureza divina (cf. II Pd 1, 4). É em Jesus Cristo que Deus Pai restaura a natureza humana corrompida pela mancha do pecado original. Em Jesus, vê-se a união da natureza humana com a natureza divina a qual chama-se, união hipostática. Jesus Cristo é uma única pessoa com duas naturezas, humana e divina.

         Para que esta restauração acontecesse era necessário que Deus se fizesse homem com a exceção do pecado. E foi isso que Jesus fez, Ele se fez homem sem deixar de ser Deus para salvar a humanidade quando se encarnou no ventre de Maria Santíssima herdando dela a natureza humana. É verdade que Jesus por ser Deus poderia ter feito isso sem a colaboração de Maria Santíssima, mas ele não quis, ele quis vir aos homens por meio dela.

         Desde Gn 3, 15 começa-se a ver Deus realizando os meios necessários para a salvação vir a nós. Então os profetas começam a anunciar a vinda do Messias. De modo muito especial vê-se no livro do profeta Isaías no capítulo 7, versículo 14: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus conosco”. Nota-se então que Aquele que trará a salvação virá por meio de uma virgem e é dela que ele assumirá a natureza humana.

         “Quando, porém, chegou à plenitude dos tempos, enviou Deus seu Filho, nascido de mulher” (cf. Gl 4, 4). Embora o Apostolo Paulo tenha falado de Maria de maneira indireta, tem-se aqui, uma grande contribuição, já que ele a menciona dentro de um contexto do plano salvífico de Deus e de que maneira o Salvador do gênero humano entra no mundo. O Dicionário de Mariologia (p. 201) ressalta: “O testemunho de Paulo é preciosíssimo embora sóbrio, declara que a pessoa de Maria está vitalmente vinculada ao projeto salvífico de Deus”.

         Por esta citação do Apóstolo Paulo nota-se de maneira clara o começo do projeto salvífico de Deus que enviou seu filho para salvar todo o gênero humano. É neste mesmo sentido que o Beato João Paulo II na encíclica Redemptoris Mater n° 1 diz que: “A Mãe do Redentor tem um lugar bem preciso no plano da Salvação”.

         Não é Maria que salva a humanidade, mas por meio dela a salvação chega aos homens, graças a seu “Sim”, o Salvador entra no tempo. É neste sentido que a Igreja diz que Maria Santíssima colabora na historia da salvação. É dela que Jesus herda um corpo humano que será oferecido a Deus Pai para o resgate dos pecadores.

Na carta aos Hebreus 9,13 vê-se a eficácia do sacrifício de Cristo:

De fato, se o sangue de bode e de novilhos, e se a cinza da novilha, espalhada sobre os seres ritualmente impuros, os santifica purificando seus corpos, quanto mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha, há de purificar a nossa consciência das obras mortas para que prestemos culto ao Deus vivo.

         De fato isto acontece ao chegar à plenitude dos tempos. Deus envia o seu Filho nascido de mulher. Esta afirmação é de suma importância, pois o nascer de mulher, significa que Jesus assumiu a natureza humana, que ele se fez homem em tudo exceto no pecado, e ao nascer da mulher, Jesus herda um corpo humano como vemos na Carta aos Hebreus “Tu, porém, formaste-me um corpo” (Hb 10, 5).

         É neste corpo herdado por meio de Maria Santíssima que acontece o verdadeiro sacrifício redentor. Assim Jesus veio para fazer a vontade de Deus como ele mesmo diz “Eu vim, para fazer tua vontade” (Hb 10, 7) e “graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo” (Hb 10, 10).

E já que este corpo que é oferecido como sacrifício a Deus pela nossa redenção é herdado da Virgem Maria, pode-se afirmar como o Beato João Paulo II afirmou (VM, p. 111)[2]:
No discurso dos séculos a Igreja refletiu sobre a cooperação de Maria na obra da salvação, aprofundando a análise da sua associação ao sacrifício redentor de Cristo. Já Santo Agostinho atribui à Virgem a qualificação de cooperadora da redenção.

         Então Maria é cooperadora da redenção humana. Neste sentido a Virgem Maria recebe o nome de Mãe do Redentor. Não é ela a redentora, mas ela é a Mãe do Redentor. E se ela dá à luz ao Redentor, então de certo coopera para que a redenção chegue à humanidade. Maria foi preparada para ser a Mãe do Senhor Jesus. Ela foi escolhida para ser o meio pelo qual a salvação chegaria ao homem. Foi desta forma que Deus Pai quis enviar seu Único Filho, “nascido de mulher”.




[1] Livro - O Amor da Sabedoria Eterna
[2] Livro - A Virgem Maria, 58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora.

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