terça-feira, 13 de dezembro de 2011

“Eis aí tua mãe!”


Depois de ter confiado João a Maria com as palavras: “Mulher, eis aí o teu filho!”, Jesus, do alto da cruz, dirige-se ao discípulo predileto, dizendo-lhe: “Eis aí tua Mãe! (Jo. 19, 26-27). Com esta expressão, Ele revela a Maria o vértice da sua maternidade: enquanto Mãe do Salvador, Ela é a mãe também dos remidos, de todos os membros do Corpo Místico do Filho.

A Virgem acolhe no silêncio a elevação a este máximo grau da sua maternidade de graça, tendo já dado uma resposta de fé com o seu “sim” na Anunciação.

Jesus não só recomenda a João que cuide de Maria com particular amor, mas confia-lhe para que a reconheça como a própria mãe.

Durante a última Ceia, “o discípulo a quem Jesus amava” escutou o mandamento do Mestre: “Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” (Jo. 15, 12) e, reclinando a cabeça no peito do Senhor, recebeu d’Ele um singular sinal de amor. Essas experiências prepararam-no para perceber melhor, nas palavras de Jesus, o convite a acolher Aquela que lhe é dada como mãe e a amá-la como Ele com ardor filial.

Oxalá todos descubram nas palavras de Jesus: “Eis aí a tua Mãe”, o convite a aceitar Maria como mãe, respondendo como verdadeiros filhos ao seu amor materno.

À luz dessa entrega ao discípulo predileto, pode-se compreender o sentido autêntico do culto mariano na comunidade eclesial. Este, de fato, põe os cristãos na relação filial de Jesus com a Sua mãe, colocando-os na condição de crescerem na intimidade com ambos.

O culto que a Igreja presta à Virgem não é apenas fruto duma iniciativa espontânea dos crentes, diante do valor excepcional da sua pessoa e da importância do seu papel na obra da salvação, mas baseia-se na vontade de Cristo.

As palavras “Eis aí tua mãe!” exprimem a intenção de Jesus de suscitar nos discípulos uma atitude de amor e confiança para com Maria, conduzindo-os a reconhecer n’Ela a própria mãe, a mãe de todos os crentes.

Na escola da Virgem os discípulos aprendem, como João, a conhecer profundamente o Senhor e a realizar uma íntima e perseverante relação de amor com Ele. Descobrem, além disso, a alegria de se confiarem ao amor materno da Mãe, vivendo como filhos afetuosos e dóceis.

A história da piedade cristã para com Ela nada é a via que leva a Cristo, e que a devoção filial para com Ela nada tira à intimidade com Jesus, antes, a aumenta e a conduz a altíssimos níveis de perfeição.

Os inúmeros santuários marianos espalhados pelo mundo estão a testemunhar as maravilhas operadas pela Graça, por intercessão de Maria, mãe do Senhor e nossa mãe.

Recorrendo a Ela, atraídos pela sua ternura, também os homens e as mulheres do nosso tempo encontram Jesus, Salvador e Senhor da vida deles.

Sobretudo os pobres, provados no íntimo, nos afetos e nos bens, ao encontrarem refúgio e paz junto da Mãe de Deus, redescobrem que a verdadeira riqueza consiste para todos na graça da conversão e do seguimento de Cristo.

O texto evangélico, segundo o original grego, prossegue: “Desde aquela hora o discípulo acolheu-a entre os seus bens” (Jo. 19, 27) pondo assim, em realce a pronta e generosa adesão de João às palavras de Jesus e informando-nos acerca do comportamento, por ele mantido durante a vida toda, como fiel guardião e dócil filho da Virgem.

A hora do acolhimento é a da realização da obra de salvação. Precisamente nesse contexto, têm início a maternidade espiritual de Maria e a primeira manifestação do novo ligame entre Ela e os discípulos do Senhor.

João acolheu a Mãe “entre os seus bens”. Esta expressão bastante genérica parece evidenciar a sua iniciativa, cheia de respeito e de amor, não só de hospedar Maria em sua casa, mas sobretudo de viver a vida espiritual em comunhão com Ela.

Com efeito, a expressão grega, literalmente traduzida “entre os seus bens”, não indica tanto os bens materiais pois João – como observa Santo Agostinho (In loan. Evang. tract.119, 3) – “não possuía nada”, quanto os bens espirituais ou dons recebidos de Cristo: a graça (Jo. 1, 16), a Palavra (Jo 12, 48; 17,8), o Espírito (Jo. 7,39; 14,17), a Eucaristia (Jo. 6,32-58)… Entre estes dons, que lhe derivam do fato de ser amado por Jesus, o discípulo acolhe Maria como mãe, estabelecendo com Ela uma profunda comunhão de vida (cf. Rm, 45, nota 130).

Possa cada cristão, a exemplo do discípulo predileto, “receber Maria em sua casa”, dar-lhe espaço na própria existência quotidiana, reconhecendo o seu papel providencial no caminho da salvação.

  • L´Osservatore Romano, Ed. Port. n.19, 10/05/1997, pag. 12(216)

Do Livro: A VIRGEM MARIA – 58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora, Papa João Paulo II

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